A obra Novas Cartas Portuguesas tem-se destacado como paradigmática no espaço da literatura de expressão feminista, a nível nacional Português e internacional, pela sua multifacetada e corajosa narrativa de uma reivindicação total de direitos humanos. Nesta obra, as três Marias, denunciam por um lado toda a política das relações sociais de poder e de normatividade da época e, por outro lado, exploram e destacam novos caminhos duma possível sexualidade feminina ainda não expressada explicitamente na sociedade. Neste sentido, reúnem-se às escritoras, por exemplo escandinavas, da onda transnacional ocidental de segunda geração de feministas, a reivindicar a liberdade sexual das mulheres.
Neste processo, a narrativa das Novas Cartas Portuguesas ganha ainda mais impacto como precursora por abordar artisticamente um leque de questões teóricas feministas que, só posteriormente na década 80, seriam tratados na Academia. Outro mérito do livro, que se revela evidente com o tempo, é o seu carácter pós-moderno que inova o género literário. Ou seja, pela hibridez de géneros literários e um sujeito de enunciação não identificável.
A tradução sueca da obra saiu em 1976 e aborda-se nesta comunicação um levantamento da recepção crítica da obra na imprensa sueca da época. Na sequência da caracterização da obra, esboçada em cima, analisaremos as recensões de imprensa com o objectivo de contextualizar a temática e o impacto das Novas Cartas Portuguesas na sociedade sueca da década 70. Além disso, coloca-se a obra em diálogo com algumas obras feministas da época nos Países Escandinavos.
2012.
Nouvelles Lettres Portugaises, Généalogies et générations Paris, 22 et 23 novembre 2012